domingo, 30 de novembro de 2008

Cuidado onde "clica"

Outro dia fiz uma busca por bolsas no site Mercado Livre, para quem não conhece um mercado on-line que permite a compra e venda dos mais diversos produtos. Não foi a primeira vez que fiz isso, já tinha há algum tempo feito busca por aparelhos de mp3 e até mesmo por carros como mustangs e marvericks antigos. Curiosamente, sempre que abro minha conta de e-mail do Hotmail, se a publicidade for do site mercado livre, o produto que aparece no anúncio é justamente algum ou alguns desses itens. Mera coincidência? Se tratando de internet, acho meio difícil, e não é apenas paranóia individual. Uma matéria publicada no site da Scientific American Brasil, trata justamente de navegadores que rastreiam nossos “cliques” na internet e não é só curiosidade.

De acordo com a Scientific, o Facebook, Yahoo, e Google estão tendo de prestar contas às autoridades por permitir que anunciantes “observem” o comportamento de consumidores on-line para criar mensagens direcionadas. As investigações são em torno de empresas que se empenham em reunir informações detalhadas de seus possíveis clientes para oferecer produtos e serviços personalizados no momento apropriado.

Em novembro de 2007 o Facebook, famoso website de relacionamentos, lançou o Beacon, um serviço de anúncios que compartilha informações sobre atividades on-line de usuários com o Facebook. Através deste serviço, sites visitados e compras on-line feitas pelo usuário eram automaticamente enviadas para as páginas de seus perfis, e também para pessoas que o usuária tinha indicado como amigos. Você toparia? Muito improvável. Pois é, só que o Facebook “esqueceu” de fazer essa perguntinha aos usuários e as informações foram enviadas. Vantagem exclusiva dos anunciantes, foi possível enviar propaganda especificamente direcionada a determinado público e gerada em função de seu comportamento anterior. Os internautas não gostaram, um abaixo-assinado on-line com mais de 50 mil assinaturas foi feito e o site colocou o serviço como opção além do envio de um pedido de desculpas formal enviado aos usuários.

Preocupado com as proporções que este tipo de prática vem tomando, o congresso americano está reagindo. A House Committee on Energy and Commerce (Comissão da Câmara sobre Energia e Comércio), no início deste mês, solicitou ao Yahoo e mais 30 empresas líderes na internet que fornecessem mais esclarecimentos sobre as informações de navegação on-line obtidas dos consumidores e explicassem como essas informações são usadas na criação de mensagens de propaganda dirigida. A Yahoo informou que a empresa permitirá ao usuário recusar anúncios direcionados em sites da internet com a marca Yahoo. Entretanto, a Google confirmou que utiliza uma tecnologia de rastreamento de navegação na internet que lhe permite monitorar com precisão o comportamento de navegação de usuários da rede. Essa tecnologia pode, por exemplo, trazer anúncios para a Google.com nas respostas a perguntas de busca feitas pelos usuários.

Há quem defenda a captura de informações em sites da rede de relacionamentos.“Em geral, as informações são usadas de forma anônima por empresas autorizadas”, comenta David Halleman, analista-chefe de comércio eletrônico, em declaração a Scientific. Segundo ele, “a maior parte do rastreamento comportamental é realizado por recursos que identificam onde o usuário do navegador está clicando. Mas eles não fornecem informações de identificação pessoal ─ como número do RG ou endereço residencial”. Halleman acredita que pelo fato de a questão da privacidade ter se tornado pública, os anunciantes adotarão uma auto-regulamentação para oferecer aos consumidores a opção de se liberarem desse “ataque indiscriminado”. Caso contrário, o governo poderá criar normas para proteger o interesse dos consumidores.

Resta-nos pensar, como será essa auto-regulamentação? Parecida com aquele texto infinito de “concordo” “não concordo” que aparece quando fazemos algum tipo de cadastro on-line que ninguém lê clicando logo no “concordo”? E no Brasil, quando o governo tomará medidas que supervisionem práticas deste tipo? De uma coisa não há duvidas, estamos sendo observados, e não é por extraterrestres...

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